Isenção de IRPF: Dobro de Beneficiados com Nova Faixa de R$ 5 mil
Proposta de aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil deve beneficiar milhões de trabalhadores, mas gera debates sobre impacto na inflação e nas contas públicas.
Autor original: Gilberto Costa/Agência Brasil
Edição e resumo: Thiago Mendes
O governo federal pretende ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para R$ 5 mil em 2026. De acordo com projeções do Dieese, essa medida poderá dobrar o número de beneficiários, passando dos atuais 10 milhões para 20 milhões.
A isenção beneficiará principalmente trabalhadores de baixa renda e parte da classe média. A supervisora técnica do Dieese, Mariel Angeli Lopes, estima que cerca de 16 milhões de pessoas com renda mensal entre R$ 5 mil e R$ 7,5 mil também serão positivamente impactadas pela redução das tarifas.
Entretanto, existem divergências quanto ao número de beneficiados. A Unafisco estima um número ainda maior, cerca de 30,6 milhões, caso a tabela de tributação seja atualizada pela inflação. A associação calcula um impacto positivo de R$ 50 bilhões na renda dos trabalhadores, impulsionando o consumo e o PIB.
Apesar das expectativas positivas quanto ao crescimento econômico, há preocupações com o impacto inflacionário e o aumento da pressão sobre as contas públicas. O economista João Leme teme que o aumento do consumo pressione a inflação, e que a isenção gere um impacto de R$ 35 a R$ 45 bilhões nas contas públicas, contrariando metas de corte de gastos do governo. O governo argumenta que a compensação virá do aumento da tributação para quem ganha acima de R$ 50 mil.
Diversos economistas debatem os efeitos distributivos da medida. Enquanto alguns destacam a importância da progressividade tributária para reduzir a desigualdade, outros alertam para o possível efeito concentrador da isenção sem mudanças na tabela progressiva do IRPF. A combinação da isenção com o aumento da tributação sobre os mais ricos é vista como fundamental para garantir um impacto positivo e sustentável na economia e na redução da desigualdade.